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No largo do terreiro a intervenção pretendeu reinterpretar um espaço urbanisticamente pouco caracterizado que resultou da demolição de um armazém de cereais, criando um espaço urbano mais estável, à cota da rua da Fonte Taurina e da muralha, enquadrando a igreja da Nª Sr.ª do Ó, não inviabilizando o acesso automóvel ao cais da estiva. Sob esta plataforma está prevista a instalação de equipamentos de apoio às actividades ligadas ao rio.
De modo a reposicionar a leitura original da muralha, foi criada uma rampa suave que, partindo da cota primitiva (cerca de 3,5 metros abaixo da cota existente) no beco do postigo do carvão, estendendo-se para poente até encontrar a cota do largo do terreiro.
Sendo a praça de ribeira o principal objecto da intervenção urbanística, era necessário suprimir o abaulamento que esta possuía, o que criava uma instabilidade espacial à utilização cívica. Esta operação tornou-se impossível devido ao traçado e cota superior do túnel onde corre o rio Vila, que ultrapassa as cotas de soleira dos prédios existentes. Para minimizar este desconforto foi prevista a instalação de um sistema de estrados de madeira móvel, que além de serem uma estrutura de suporte para as esplanadas, podem constituir elementos cénicos de suporte a acontecimentos específicos. Contudo esta ideia não foi concretizada. Existia também a possibilidade de marcar no pavimento o antigo traçado da muralha fernandina.
De forma a retomar a identidade do local foi reconstruída as escadas das padeiras, que remontam ao ano de 1843. Eram inicialmente constituídas por uma zona de acesso do cais até um segundo patamar de grande desenvolvimento longitudinal, paralelo ao mesmo estendendo-se até ao rio. Em 1976 as escadas foram desmontadas em virtude das suas fundações, em estacaria de madeira, se encontrarem com resistência diminuída. O presente projecto de reposição, é baseado na geometria que as escadas apresentavam no seu início. A solução estrutural adoptada é constituída inteiramente por elementos em betão armado. Optou-se pela consideração de uma laje que acompanhada os diversos planos que as escadas vão descrevendo, na qual assentarão as pedras dos patamares, degraus e rampa.
 A renovação do mercado da ribeira surge como uma necessidade de realojar as vendedoras que ocupavam as barracas que foram demolidas por constituírem elementos urbanísticos dissonantes. Foi ainda necessário construir um elemento de remate e articulação com a ponte Pênsil, de modo a proporcionar uma nova entrada para a ribeira e criando também uma zona de animação urbana que valoriza e viabiliza a localização do novo mercado. Foram instaladas dezasseis lojas, formando um L, que penetram parcialmente no interior da rampa de acesso existente na altura, rematando os vestígios de escarpa ai existentes. Foi também construído um acesso ligando a cota da plataforma junto a ponte Pênsil com a ribeira, constituindo um espaço público tridimensional e um espaço cénico bem enquadrado.
A intervenção de renovação da praça da ribeira revitalizou toda a frente da ribeira pretendendo dar um aspecto mais contemporâneo de modo a responder às novas necessidades de uma zona classificada como património da humanidade, um marco no turismo mundial e cartão de visita da cidade. A zona da ribeira é palco de acontecimentos muito importantes para o porto como as festas populares, comemorações de datas importantes e como zona de diversão nocturna. A intervenção urbanista respeitou a história do local, usando materiais típicos da geologia portuense e que se integram com os edifícios ai presentes. Em qualquer cidade é necessário haver um bom sistema de circulação, regulando fluxos e criando espaços de espaço, criando dilatações, permitindo que a cidade respire, que as pessoas possam usufruir do espaço público não apenas de uma forma fugaz, não como ligação de dois pontos. Sendo uma das praças mais antigas da cidade, a praça da ribeira sempre teve uma grande importância nesse sentido, compreendido pelas obras de alargamento que teve ao longo dos anos pelo facto de não ter capacidade de absorver a quantidade de pessoas que a utilizava.